quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Carlos Ramires da Costa, "Carlinhos" | DESAPARECIDO (1973)



Nome: Carlos Ramires da Costa

Desaparecido desde 2 de agosto de 1973
Data de nascimento: 1963

Idade: 10 anos

Diante de tantos casos de crianças desaparecidas, resolvi começar pelo caso do Carlinhos. Esse é considerado o desaparecimento mais antigo a receber notoriedade no Brasil e as esperanças de encontrar o menininho de lindos cabelos loiros vivo, já praticamente não existe mais. Se estiver vivo, Carlinhos hoje é um homem de meia idade.

No dia 2 de agosto de 1973, aproximadamente ás 20h30min, enquanto Carlinhos, a mãe e os irmãos assistiam à novela, a energia elétrica da casa foi cortada e um homem negro invadiu, armado, pedindo pelo menino mais novo, disse que o menino não se machucaria e deixou um bilhete com pedido de resgate. Carlinhos foi arrastado de casa e nunca mais foi visto desde então.

Aviso a você que a criança esta em nosso poder e só entregaremos após ser pago o resgate de cem mil cruzeiros. Esta importancia deverá cer (sic) em pequeno volume e metido dentro de uma bolsa e deverá cer (sic) depositado ensima (sic) de uma caixa de cimento que fica situada na Rua Alice cruzando com a Rua Dr. Giliotonio (sic), junto a duas placa (sic) no dia 4/8/1973 às 02:00 horas, digo duas horas do dia quatro, e lembre si (sic) de que qualquer reação a vítima será liquidada. OBS: Depois de ser feito este depósito deverão seguir em direção ao Rio Comprido e esta carta deverá ser devolvida no ato.
Na data e o hora marcada o lugar combinado foi cercado por policiais disfarçados e a mídia caiu em cima. No dia seguinte o jornal já tinha impressa uma cópia do bilhete com o pedido de resgate na íntegra publicado. Isso por si só já mostra o despreparo da polícia naquela época, que não estava acostumada a receber denúncias de pessoas sequestradas, por isso esse caso é tão notório no Brasil.
Durante o início das investigações muitos suspeitos foram apontados. O primeiro foi uma clínica que teria oferecido 60 mil cruzeiros para comprar a casa da família de Pedrinho, porém João Mello da Costa, o pai, havia negado a proposta. As suspeitas logo foram derrubadas. Após a clínica surgiram muitos outros: José Silva, um mecânico que tinha problemas de dívidas com João Mello; Raimundo Pereira Lulu, que supostamente havia tentado "seduzir" (ou assediar) Maria da Conceição, a mãe de Carlinhos, anterior ao sequestro; Celso Vasconcellos de Passos e Francisco de Almeida, também por problemas com dívidas com João Mello.). Até que após exames periciais no bilhete comprovaram que este havia sido escrito dias antes e que os erros gramaticais teriam sido propositais para confundir as autoridades.

A partir da informação sobre o bilhete, as suspeitas recaíram sobre a família. As pessoas estranhavam o comportamento de Maria da Conceição, aparentemente no dia do sequestro, quando a polícia chegou, ela estava sentada no sofá assistindo calmamente a televisão. Relatos dizem que ela não demonstrava emoção alguma em entrevistas sobre o desaparecimento do filho. Depois vieram a tona os problemas financeiros de João Mello, o pai de Carlinhos, que estava afundado em dívidas. No curso das investigações aproximadamente 300 mil cruzeiros foram arrecadados para as buscas de Carlinhos, mas não se sabe ao certo para onde esta quantia foi parar.

Esse caso é marcado por muitas coisas estranhas que mostram bem o despreparo da polícia. Muitos dedos foram apontados, nenhuma prova concreta apresentada, e então começa o desespero para encontrar um culpado, principalmente com a mídia caindo em cima. O fato mais bizarro que encontrei foi que um grupo de policiais, na ânsia de solucionar o caso de Carlinhos, prendou e torturou uma mulher. Ranulfa da Silva era lavadeira e havia trabalhado junto com seu ex-marido, Antônio Costa da Silva (conhecido como Pitoco) na casa de João Mello. Os policiais queriam que ela "confessasse" a participação de Antônio no desaparecimento de Carlinhos. Aparentemente ele teria motivações para o crime. Antônio e Ranulfa teriam discutido e sido demitidos por João e rumores diziam que Ranulfa e João eram amantes, e que o crime cometido por Antônio poderia ter motivação passional.

Em 1974 um assaltante, Adilson Cândido da Silva, apresentou-se a polícia como o sequestrador de Carlinhos, contratado por João Mello. Ele teria matado o menino e jogado seu corpo no mar. Seis meses após o relato de Adilson uma ossada foi encontrada na praia da Engenhoca, na ilha do governador, levantando suspeitas de que pudesse ser o menino Carlinhos, porém, posteriormente foi comprovado que a ossada não se tratava de Carlinhos.

Enfim, quatro anos após o sequestro, uma das irmãs de Carlinhos que estava em casa naquele dia, disse ter reconhecido o sequestrador como um dos funcionários do laboratório do pai, João Mello, Silvio Azevedo Pereira. Ela disse ter contado ao pai na época, mas que ele não dera importância. Silvio chegou a ser condenado, mas seus advogados recorreram e ele foi absolvido.
Todos os fatos apontam que o sequestrador era alguém conhecido. Ele sabia onde ficava a caixa de luz para cortar a energia elétrica, os três cães da família não latiram com sua chegada e o mais estranho: o portão da frente da casa que normalmente ficava fechado, naquela noite estava aberto, o que soa como um convite, uma armação.

O fato é que, após todos esses anos, ninguém foi preso. Muitos dedos foram apontados, mas de nada se sabe. 

Onde poderia estar Carlinhos?
Enquanto pesquisava e escrevia este post acabei me lembrando de um filme que vi há alguns anos atrás, baseado na obra do autor de livros policiais Dennis Lehane, "Gone, baby, gone" (título brasileiro Medo da Verdade) protagonizada pelos ator Casey Affleck e a atriz Michelle Mognahan. O filme conta a história de uma menininha que desaparece no meio da noite, tirada de sua própria cama. A casa não apresenta sinais de arrombamento e invasão e a menina simplesmente evapora. SPOILER: no fim descobre-se que um investigador ajudou um amigo, avô da garotinha, a sequestra-la e levá-la para longe para protegê-la da mãe que era dependente de drogas e negligente. A menina estava vivendo com os avós em uma bela casa no campo e sendo muito bem cuidada.

Acabei pensando em uma versão parecida: o pai de Carlinhos forjando o sequestro, mandando o menino viver escondido, bem longe e em segurança. Mas aí as coisas dão errado... E aí já nem sei mais o que pensar.
Seja como for espero que um dia possamos ter uma resposta para o mistério de Carlinhos, que era só um menino de 10 anos e teve a vida inteira interrompida.

Mais informações sobre o desaparecimento do Carlinhos:


Um comentário:

  1. Eu não tenho ideia do que posso fazer para reencontrar minha família acho que eles não quer saber mais de mim mais eu estou vivo moro em Itapemirim ES bairro RosaMeireles trocarão minha identidade David Manoel dos Santos e Carlos Ramires DaCosta e a mesma pessoa

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